A Alforria da Vovó

 Vovó é uma égua que passava seus dias puxando uma carroçinha com ferro velho, subia e descia lomba em sua triste sina. Na cidade onde vive, gerava preocupação das pessoas, pois ela tinha um problema em uma das pernas, na altura do joelho, mesmo assim trabalhava. As pessoas avisaram os protetores de animais que conversaram com o dono da Vovó e ele dizia que tinha muitos filhos e aquele era o ganha pão dele. Mas, no dia 27, alguém cruzou com a vovó puxando a carroça e parou para conversar com seu dono. Depois de um diálogo compreensivo, foi dada a chance dele substituir a vovó por outro animal, mais forte e mais novo. A pessoa comprou um cavalo, deu ao senhor da carroçinha e ficou com a vovó, que agora pasta em verdes campos e dorme sob o manto estrelado, sem ter que carregar peso. Quem ficou com a vovó realizou um sonho que tinha quando morava na cidade grande: libertar um cavalo que puxasse carroçinha.Vovó tem pasto a vontade, ganhou sua aposentadoria e passou a viver em uma Chácara, onde tem o respeito e a paz que faltava em sua vida. Quem mais ganhou foi a pessoa que adotou Vovó, pois ganhou uma amiga nova e querida.

Um ano e 4 meses da última postagem, aqui estou eu de volta. Muita coisa aconteceu, a que mais marcou foi a partida da minha mãe em 28 de Agosto de 2011, dois meses depois de minha postagem sobre a Mel. Quando estava procurando inspiração para continuar postando, ela se foi.Minha mãe, sempre próxima, sempre pressentindo o que eu sentia e vice-versa, não chegou a completar seus 89 anos.Mais de ano se passou e todos os dias tenho comigo sua imagem presente, suas palavras, suas bençãos quando eu saia pela porta, suas preocupações, suas orações, seu olhar que já tinha um ar de despedida. Hoje, o que guardo de mais precioso sobre a sua existência estão em duas caixas: uma contém fotos que ela guardou e na outra seus pensamentos e poesias.Dos objetos do cotidiano, o que está sendo mais difícil retirar, fica no armário do banheiro: sua escova de dentes.Mas, ainda vou retirar. O que mais sinto falta é ter perdido na condição de filha, alguém para chamar de mãe.